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quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Quadro Negro da Educação Brasileira (Hegemonia e Dominação)

Creio  que o vídeo que apresento abaixo sintetiza o quadro negro da Educação no Brasil. Faço apenas alguns acréscimos na intenção de repensarmos a práxis educacional que estamos produzindo hoje. Há quem serve a escola? Para que ela serve? Por que e como este turbilhão de propostas pedagógicas e o caos educacional convivem no Brasil recente? 

No Rio de Janeiro -Estado e Município- a situação que conheço de perto é muito complicada, mas sabemos que o mesmo se dá em todo o país. Aqui, o estado paga salários ainda menores do que ao que se paga no contra-cheque da professora do Rio Grande do Norte (veja o vídeo). No município carioca,além dos baixos salários, a prefeitura tenta retirar direitos dos aposentados (de hoje e de amanhã). E o mais complicado de tudo: a descrença dos educadores que preferem se acomodar. O risco da luta que os trabalhadores sempre enfrentaram passou a ser para os profissionais da Educação fluminense e carioca um grande obstáculo. E assim, fingimos por aqui que nada estamos a perder no decorrer do tempo. Mas não é verdade. Os que administram a sociedade vão ganhando força e impondo perdas para os que se acomodam. Diz a sabedoria popular que "jacaré parado vira bolsa". Educadores estão virando bolsas  baratas, sacolas. Viraram semi-escravos que trabalham em três turnos para manterem as suas famílias. E isto estar a acontecer em todo o Brasil. E isto é uma prática de qualquer que seja o partido eleito: PT, PMDB, PSDB, DEM, etc. Professores são os proletários da educação, mas a depender desses partidos e outros, nos tornaremos escravos letrados com a tarefa de continuarmos a fazer da escola um mero meio reprodutor da dominação da classe dominante do capitalismo.

O velho Althusser dizia que a escola era um Aparelho Ideológico de Estado (AIE). No sentido estrutural do termo, ele tinha uma certa razão. Até porque a escola não só disciplina como também transmite as principais ideologias para os jovens, dando quase sempre ênfase as ideologias das classes dominates. Dizia Althusser  que a escola era o principal AIE das sociedades capitalistas. Se hoje vivesse no Brasil acharia um problema a mais para refletir. Trabalhadores semi-escravos ajudando a manter a dominação capitalista. Antes, os educadores eram mantidos na classe média até para evitar que o desconforto os levasse a se posicionar do ponto de vista da massa dos trabalhadores. A classe dominante aprendeu que a proletarização ou a semi-escravidão era um caminho mais fácil para subordinar os que lidam com a educação. O ultraje sofrido desqualificou uma parte do professorado e afugentou uma outra parte. No entanto, "há aqueles que lutam uma vida, e estes são imprescindíveis " dizia Bertolt Brecht.

Apesar do reconhecimento da obra de Althusser, sabemos que  a escola não é apenas um aparelho de dominação da classe dominante. Nela há projetos diferentes em disputa. Embora pareça que não, muitos ainda se mantém imprescindíveis. São estes que oferecem uma lição diferente aos seus estudantes: a lição de que a luta dos trabalhadores é uma ação que não pode parar, pois, caso contrário, a tragédia humana imposta por aqueles que administram o caos do capitalismo será ainda mais gigantesca. Os educadores não são monolíticos e por suas cabeças transitam as diversas ideologias produzidas pelo mundo. Por isto Gramsci- o fílósofo marxista italiano-  definiu, antes mesmo  de Althusser, a escola como um Aparelho de Hegemonia, ou seja, um espaço onde as ideologias das principais classes sociais disputam corações e mentes. Assim, podemos sair da estrutura mental  pensada por Althusser e perceber que é a práxis  que fará de nossas escolas e de seus educadores um marco da escravização ou da emancipação humana. Na fala da professora Amanda do vídeo abaixo temos um exemplo de quem atua se pondo na luta pela emancipação. Já os governantes e a acomodação de parte dos educadores favorecem a velha estrutura de dominação que há muito a humanidade conhece.  


2 comentários:

Edmilson Borret disse...

Emocionante a fala dessa professora! Impossível ouvi-la sem que as lágrimas brotem no canto do olho...

Giovana disse...

Concordo com Ed
Tudo o que ela fala dói na alma da gente
Nós vivemos isso diariamente....