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quinta-feira, 5 de maio de 2011

TORTURAS, ASSASSINATOS: A ARTE IMITA A VIDA

Tortura não é meramente uma técnica como andam falando nos telejornais. Tortura é  um crime. Crime. Vamos repetir outra vez: um crime. É claro que este crime se utiliza de técnicas  para produzir dores e constrangimentos às suas vítimas. E é claro que o conhecimento humano é utilizado não só para coisas boas. E é claro que este conhecimento, negativo neste caso,também vem se acumulando desde tempos imemoriais.
 A tortura, além disso, consegue igualar marginais e diversas instituições que se utilizam deste crime: os comandos do tráfico, os órgãos de repressão  do Estado, as polícias e as forças armadas (como se pode assistir nos filmes "Tropa de Elite" e "Batismo de Sangue", "Pra Frente Brasil") , os sanatórios (como podemos ver no filme Bicho de Sete Cabeças), a Igreja, etc. A tortura se utiliza inclusive do conhecimento da medicina. É sabido que as torturas realizadas por militares brasileiros na ditadura pós-64 (cujo métodos foram exportados para países latino-americanos) eram assistidas por médicos. O papel destes era averiguar se o preso ainda tinha condições ou não de suportar mais torturas. Além do cinema isto pode ser pesquisado nos livros "Brasil Nunca Mais", "A Internacional Capitalista", "1964, A Conquista do Estado", entre outros.

Mas a ditadura brasileira não está sozinha nesta ilegalidade e nem na cultura. Guantánamo, prisão política e repleta de ilegalidades, é um dos maiores exemplos de que o Estados Unidos da América, que diz manter a democraciao, utiliza-se da tortura como método de repressão. Sabemos que o atual presidente dos EUA tinha como proposta, em sua campanha política, extinguir Guantánamo. Mudou de opínião após a eleição e permite que o uso da tortura ainda seja utilizado. Não é atoa que a série "24 Horas" fez tanto sucesso por lá. O herói, Jack Bauer era um agente da CIA que tinha como um dos seus métodos o uso da tortura como desculpa para defender o país e lutar contra o terrorismo.


Mas a ilegalidade não está presente apenas na existência de uma prisão na qual os presos não tem direitos a advogados e são torturados, está também presente na utilização de assassinatos de líderes de movimentos sociais ou líderes de países inimigos, como atentaram diversas vezes contra a vida de Fidel Castro. Não duvide da veracidade desta informação. Documentos publicados pelos poderes americanos confirmam o que foi dito há muito por pesquisadores e grupos de esquerda. O próprio livro "Batismo de Sangue" trata do assunto.  Hoje é possível assistir na produção hollywoodiana, a começar pela "Identidade Bourne", o treinamento de homens que passam a ter como tarefa de Estado assassinar os chamados inimigos. É a velha "licença para matar". A arte imita a vida: a tragédia real, que antes ficava escondida, agora vem a tona e mostra que o cinema é apenas seu reflexo. Isto só é possível  devido ao aniquilamento moral do povo estadunidense. Para muitos deles, o domínio e o nacionalismo são hoje muito mais importante do que o estado de direito, a democracia e o humanismo. O capitalismo decadente reflete em uma sociedade que aceita até a tortura e o assassinato como políticas de Estado. É, amigo, tempos bicudos...

A arte deveria, segundo o filósofo Adorno, denunciar a tragédia humana em um mundo em que o nazismo já produziu o sofrimento do holocausto. Ainda segundo ele, não caberia à arte, em um mundo que sofreu as tragédias da primeira metade do século XX, buscar o prazer. Caberia ao artista denunciar e não permitir que o prazer de uma arte alienada nos ajudasse a fugir ainda mais da realidade. Acho que é assim que percebi as produções, entre outras, dos filmes "Pra Frente Brasil" "A Caminho de Guantánamo","Batismo de Sangue",  e do livro "Dia de Ângelo". No caso de "A Identidade Bouner", e de muitas outras produções holywoodianas, mesmo a denúncia do assassinato me parecem meras diversões, Já no caso da série "24 horas" à diversão soma-se a defesa ideológica da tortura como método contra os inimigos. Tempos bicudos e cinematográficos, amigo.
       "Em seus papiros, Papillon já me dizia/ que na tortura toda carne trai..."

Em Tempo: recentemente, com a vinda de Obama, o Estado brasileiro produziu diversos presos políticos que, comprovadamente através de filmagens, faziam um protesto pacífico contra o dirigente da maior arma de guerras do mundo. Se fossem presos no mundo árabe, os manifestantes cariocas estariam, provavelmente, sendo torturadoe em Guantánamo. Há um abaixo-assinado para arquivamento do processo criado por estas prisões ilegais o endereço segue abaixo:

 http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoAssinar.aspx?pi=P2011N8248

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Segue um trecho do texto publicado no portal Carta Maior (ver endereço na secção "Vale a Pena Consultar" no lado esquerdo deste blog):

Tribunal de Justiça gaúcho condenou Estado do Rio Grande do Sul ao pagamento de R$ 200 mil a torturado durante a ditadura militar. Em sua sentença, o desembargador Jorge Luiz Lopes do Canto (foto) considerou que crime de tortura não prescreve. "A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, e a tortura o mais expressivo atentado a esse pilar da República, de sorte que reconhecer imprescritibilidade dessa lesão é uma das formas de dar efetividade à missão de um Estado Democrático de Direito, reparando odiosas desumanidades praticadas na época em que o país convivia com um governo autoritário e a supressão de liberdades individuais consagradas", disse ele em sua decisão.
      LEIA MAIS:  http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17733
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