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sexta-feira, 13 de maio de 2011

A VIDA É PURO ACIDENTE: OUTROS POEMAS ANTIGOS

           ACIDENTE

  O morro é morro duas vezes
  Quando pedra , quando árvore
  É acidente geográfico
  E o morro morre todos os dias
  Quando é chacina, quando é invasão
  Quando é acidente social.
  O morro geográfico desabriga nas enchentes
  O morro social que nele busca abrigo.
  Apesar da alteridade
  O acidente geográfico e social
  Continuam unidos como se um só fossem.
  E, posto que nada é permanente, morrem
  Sempre ambos os morros
  O social, por ser efêmero, se esvai rapidamente
  A vida é puro acidente.

        (Rio 09/05/2000)


        ACHO QUE DEVO FICAR CALADO

  Eu tenho muito para te falar
  Porque te amo.
  Para ser sincero, só tenho para te falar
  Que te amo,
  Mas acho que não sei falar
  O quanto e como te amo.
  Na verdade, não sei nem se devo falar
  Que te amo.
  Acho mesmo, é que devo me calar
  E, profundamente, apenas sentir
  O quanto e como te amo.

           Rio (09/05/2000)


        ZUMBI 

O coração começa a se desintegrar.
É como uma bomba, mas implodindo.
O pensamento de que você não vem
E o pensamento de que você já foi
Fazem meu coração se desintegrar.
Sinto a contagem regressiva :
Ele explodirá.
E meu ser desfalecido
A ermo  pelas ruas andará
Sem alma, sem riso, sem vida:
Corpo apenas.  
     

  
             FUTEBOL (REGRA TRÊS)

  Havia quem na arquibancada ou na geral
  gritasse pelo meu amor.
  Mas hoje ele foi para na linha de fundo
  foi chutado para o escanteio.
  Ou será que levou um carrinho e se contundiu?
  Como?! Foi parar no banco de reserva?
  Foi substituído pelo não-sei-o-quê?
  E o time? Perdeu de quatro?!
  Foi para a segunda divisão...

         (Rio 05/06/2000)


      POÉTICA (IMPOSSIBILIDADE)

  Meu coração é pequeno
  Mas todos os sentimentos cabem nele:
  Ele é maior do que o mundo.
  Os dicionários são imensos
  Possuem todas as palavras do mundo
  Mas neles não há verbo que espelhe
  Os sentimentos que trago dentro.
  É impossível expressar o que sinto,
  Mesmo assim,  nesta impossibilidade,
  Sou levado a escrever.
         (Rio, Abril de 2000)


     JULGAMENTO

Não me julgue pelas palavras
Que quase sempre são (mal)ditas
Julgue não pelo que digo
Quando deveria me calar
Mas ainda falo.
Nem pelo que faço talvez
Deverias me julgar.
O que sinto...
Isto deveria ser avaliado.

        Rio, 25/07/2000

Um comentário:

Giovana disse...

o poema POETICA (IMPOSSIBILIDADE) ASSIM QUE COMECEI A LER ME FEZ LEMBRA UMA MUSICA QUE VOCê DISSE UMA VEZ QUE ADORAVA CORAÇÃO VAGABUNDO.....
Que quer guardar o mundo ....
AMO ENTRAR aqui e ler isso tudo
SUAS PALAVRAS ME FAZEM UM BEM ENORME...
ADORO