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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

LUTA DE CLASSES E CONFLITO

CONFLITO
(Petrucio Maio e Clodô)




LUTA DE CLASSES
(Jorge Willian)
O coração estava farto de bater o dia todo
queria tempo para amar
declarou-se em estado de greve
para seu amor melhor negociar


em nome do patrão,
as glândulas lançaram mais adrenalina
ameaçando multar o coração
ou mandá-lo para esquina


em greve de fome tentou radicalizar
(tinha direito de amar todo um dia)
enfim, sentou o cérebro para negociar
embora não fosse o que queria


a fábrica não pode parar, coração,
você terá muito que compensar
baterá, operário, acelerado
até esse tal de amor acabar.


 Rio, 16/01/2012

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

DIMITRIS, CAPITALISMO E ESCRAVIDÃO POR DÍVIDAS (A VIDA DE UM QUALQUER)



Dimitris, um homem grego "qualquer" (como qualquer "homem qualquer" é grego nesta hora), deve estar abismado ao olhar de cabeça-baixa e não ver o fundo do buraco aberto em seu mundo. O mesmo mundo que é nosso. Mundo de qualquer "homem qualquer". Somos nós também Dimitris, morando ou não na Grécia. Somos um Dimitris qualquer.

Dimitris é descendente de povos que criaram a escravidão por dívida. Diferente daquela que era fruto de guerras tribais, onde combatentes derrotados em bravas lutas tornavam-se escravos. Não, Dimitri é descendente da escravidão interna criada por povos civilizados. Aquela escravidão nascida das diferenças sociais internas entre os que muito tinham e emprestavam e os que, por não poderem pagar, tornavam-se propriedades dos primeiros. Tenho receio, e ele não é infundado, que esta forma de escravidão está sendo recriada agora. Se este blogueiro "qualquer" estiver exagerando com a palavra "recriada", é só o amigo leitor trocar a palavra pela termo "desejada pelo capital financeiro".

Mas o nosso amigo grego (ainda) não é escravo. Dimitris é fruto também das lutas proletárias contra a escravidão capitalista e, talvez por isso, não possa legalmente ser acorrentado. Embora os Estados carcomidos do capitalismo tentam acorrentar os trabalhadores com as suas leis e polícias truculentos. Leis como as de Sarkozy, que tenta expulsar os mendigos franceses da nobre Paris. Nossos prefeitos tupiniquins geraram filhotes na França. Será que a fundação Leão XIII de lá vai limpar a  "belle ville" de mais esse estorvo?

Dimitris, sem poder ser escravizado ou vender sua prole (crime quase hediondo!), entregou seus filhos para adoção. O coração de Dimitris, acredito eu,  quase parou. Dizem que coração não dói, mas o de Dimitri,  que sinto batendo em mim,  quase implode de tanta dor. Ele chora, embora seu olhar descendente de ex-ecravos mostre a sequidão de uma Grécia que, platônica, não acredita no que vê. Só é verdadeiro agora o que foi pensado, traçado pelos economistas brilhantes de suas universidades, de seus governos e de suas empresas

Dimitris habita no mundo perfeito da comunidade europeias e da globalização. Os campos são verdes, os lagos são frescos e sem fronteiras para as empresas. Há problemas , mas a culpa é dos trabalhadores, dos funcionários públicos principalmente. Além , é claro, dos aposentados vagabundos (Como bem descreveu   o "príncipe" e sociólogo aposentado Fernando Henrique Cardoso!) O empresariado, os governos serviçais, o Estado capitalista liberal, as  velhas ideologias calvinistas do enriquecimento, as novas ideologias elitistas baseadas em Nietzsche  e outras coisitas não tem nada a ver, segundo pensam, com a crise. 

Os dimitris quaisquer são os responsáveis e, por isso mesmo,  devem pagar as dívidas. Mas sem escravidão, diz o supremo tribunal. Fome pode, mendigar não! Prostituição, pode, na fábrica ou na cama,. Pode greve? Não, É baderna! Pode suicídio? Segundo as religiões, não.  Pode guerra? Pode, não as revolucionárias, mas as que serão promovidas pelos Estados. Quem sabe assim os índices de desemprego diminuem.

Dimitris é irmão não de sangue, mas de capitalismo e suas crises, dos pablos de Espanha, dos pierres  da França, dos simones italianos, dos paul dos EUA,  e dos josés aqui do Brasil. Todos juntos somos um só: um qualquer.

         

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para consultar sobre o tema: