O MEDO NOSSO DE CADA DIA (TERCEIRA PARTE)

MEDO 39
O Medo faz parte e cria quilombos, a covardia nos mantem na senzala.

MEDO 40
Tive medo de andar e andei
Tive medo de falar e falei
Ainda ando e ainda falo
Ainda erro, portanto.

MEDO 41
Por medo não fiz
Por medo não senti
Por medo não sou
Por medo não quis
E por ele não agi
E ainda não sou

MEDO 42
Sei que agi
sei que fiz
sei que falei
e o tempo todo
o medo se apresentou
dizendo faça
aja
fale
E sempre que olhava lá estava ele
o medo, lá estava
rindo com sua companheira
a menina coragem.

MEDO 43
Sombrio é o velho que anda a nos assustar
dedos longos, olhar profundo, olhos brancos
nos acompanha desde cedo
como agora me acobertar?
como correr manco?
como fugir deste eterno medo?

MEDO 44
É TANTA GENTE COM MEDO QUE ACABEI PENSANDO SOBRE ELE.
DE TANTO PENSAR TIVE PESADELOS AO DORMIR.
ACORDEI COM MEDO.

Jorge Willian
Rio de Janeiro, 30/08/13 20h e 38m.

A LUTA DO FANTASMA DA CIDADE CONTRA O GOVERNO-MALDADE

Um fantasma ronda a cidade
É o fantasma da indignação
Ninguém a maldade
Do governo com a Educação

Ele diz que não dinheiro
Mas  dá tudo para a construção
Favorecendo amigo empreiteiro
E tira verba da Educação

Cansado de tanto sofrer
O educador disse não
O governo pagou para ver
E ameaçou a Educação

Disse que ia cortar o ponto
E ameaçou foi na televisão
Mas o governo está tonto
Com a greve da Educação

O fantasma que ronda a cidade
Não assusta a população
Medo tem o prefeito-maldade
Quer sangrar a educação

Pelas ruas cresce e continua
A luta do Fantasma da Indignação
Contra a política nua e crua
De governos contra a Educação

Esta luta é minha é tua
É pelo filhos da nossa nação
Vem para a greve, vem para a rua
E grita e pula quem a defende a Educação.
(Jorge Willian)

Rio, 20 de Agosto de 2013 7h e 50 m

O MEDO NOSSO DE CADA DIA (CONTINUAÇÃO)

MEDO 31 

Não. Não me fale de teus medos. Já tenho os meus. Vamos comprar uma boa de uma cachaça e misturar com nossos medos e fazer uma bela caipirinha. Aí, vamos sentar e tragar todo o medo de volta. Encachaçado o medo se torna coragem. E aí transformaremos o mundo.

 

MEDO 32 

DOME SEU MEDO,
DOME O MEDO,
DOME MEDO,
DÓ DO MEDO,
O MEDO MIMIU
MIMIU COM MEDO
O MEDO COM MEDO
DOMADO MEDO.

MEDO 33

Se o medo tem medo

o medo corre

Se a coragem tem coragem

o medo morre

MEDO 34

Se dorme o medo,

que sonhos tem?

Se pesadelo,

chora também?

35

O medo do medo

É do medo morrer

E no outro mundo

Enfrentar deus-coragem 

E morrer outra vez

Medo 38

Outro medo do medo

É de matar de medo

o deus-medroso

que se finge corajoso.

 

 

O MEDO NOSSO DE CADA DIA

MEDO 1 
Medo criado
Medo transmitido
Medo crescido.


MEDO 2

O Medo que carrego em mim
Medo compartilhado em mim
É o mesmo que levaram a ti
Que compartilharam em ti
Que me igualou a ti.

MEDO 3
... Perder o medo 
Ousar lutar

Ousar vencer
Vencer o medo
Perder o medo...

MEDO 4
Matar o Medo, nem tanto
Transformá-lo talvez
Usá-lo ainda assim
Que o medo é parte de mim

MEDO 5
Cantar o Medo
Tragar o Medo
Permutar o Medo
Emudecer o Medo
Desencorajar o Medo
Adormecer o Medo
Medrar o Medo
Até fazê-lo mudar de cor
E torná-lo Coragem.

MEDO 6
Encorajar o ser em que habita o medo
Transmutar o ser com medo

MEDO 7
O   Medo que habita em mim,
companheiro de luta
(de todas as lutas contra si)
é o medo guerreiro camicase.

MEDO 8
Age quem tem coragem?
Paralisa quem tem medo?
Coragem tem quem tem medo e age.

MEDO 9
Haja medo para que se pare
a luta contra o medo.
Medo do medo haja
para que se pare
o próprio medo.

MEDO 10
O medo é dez
A coragem é mil


MEDO 11
É chapa quente
no coro da gente
dá medo só de lembrar
mesmo assim fomos em frente
matando todos os medos só no gritar.

MEDO 12
Gritei de medo
gritei por medo
gritei  com medo.
Depois gritei do medo
e com o medo gritei
me apontaram logo cedo:
eis o rei!

MEDO 13
Boi da cara preta
branca também
é tudo boi
com medo de reagir
vão para o matadouro
mugindo e fingindo felicidade.



MEDO 14
Transmissão medonha:
o medo trazido por ti
levado por mim
propagação do medo em nós

MEDO 15
Não me venha falar de teus medos
carrego em mim todos eles
mas corra e pule agora
que vem chegando a trovoada.

MEDO 16
Tenho medo de ti
Este teu olhar profundo
este sorriso sem medo
Este jeito invertido
refletindo no espelho

MEDO 17
Esperança do medro medrar
e juntos gritarmos:
basta de apanhar
é hora de ousarmos.

MEDO 18
A lua escondeu-se com medo
aqui pertinho de mim
morreu faz duas horas
de medo de um lagostim

MEDO 19
Foi com medo da escuridão
que o sol nunca dormiu

MEDO 20
Nascido para ser
o medo se agigantou
também nascido para morrer
a coragem lhe matou

MEDO 21
Tomou o mundo
para si o medo
nele fez festa e muito dançou
dançamos todos também

MEDO 22
Não tenho medo
pulo sem paraquedas
quedo e pulo outra vez.

MEDO 23
Com medo da queda
aquele gavião tornou-se um frango:
nunca voou

MEDO 24
De tanto que cultivas o medo
ele um dia cresce e se espalha
é praga no jardim.

MEDO 25
Menina alegre chamava-se Maria
Até que descobriu o medo
no trabalho, seu emprego
onde era chamada de Maria Covardia

MEDO 26
Maria Covardia
sempre sempre
no emprego sim dizia
medo do patrão
já não era gente
e Maria Covardia
só olhava para o chão.

MEDO 27
Um dia, Maria disse não
juntando-se a quem lutava.
Maria  mostrou que era gente
Tornou-se Maria Brava
E agora no batente
cabeça erguida
mão na mão
Maria sorrir da vida
E quem tem medo é seu patrão.

MEDO 28

E lá vai Maria
ideia nova na cabeça
aconteça o que aconteça
Já não é mais covardia
seu nome é Maria Brava
lutando todos os dias
e do medo já não mais escrava.

Medo 29
Bravura e covardia
medo e coragem
abstratamente em nós.
Bravura e coragem
juntam eu você
formando nós.
Medo e covardia
nos acorrentam
meros nós.

Medo 30
Somos maria todos
quando medo Covardia
quando coragem Maria Brava
Somos o que queremos ser.

JORGE WILLIAN

Rio, 12 de Agosto de 2013 (2h e 05m)

 

ONDE ESTÁ O CABRAL, AMARILDO?!

                                                              CABRAL,
                                                          ONDE ESTÁ,
                                                          O AMARILDO,
                                                          O AMARILDO,
                                                              CABRAL?
                                                                ???????
                                                                 ?????
                                                                   ???
ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO?
                                              CABRAL, CABRAL, CABRAL
                                                 AMARILDO, AMARILDO
ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O AMARILDO? ONDE ESTÁ O

        
            CABRAL, CABRAL, CABRAL          CABRAL, CABRAL, CABRAL
            CABRAL, CABRAL, CABRAL          CABRAL, CABRAL, CABRAL
            CABRAL, CABRAL, CABRAL          CABRAL, CABRAL, CABRAL
            CABRAL, CABRAL, CABRAL          CABRAL, CABRAL, CABRAL

            CABRAL, CABRAL, CABRAL          CABRAL, CABRAL, CABRAL
            CABRAL, CABRAL, CABRAL          CABRAL, CABRAL, CABRAL

            CABRAL, CABRAL, CABRAL          CABRAL, CABRAL, CABRAL
            CABRAL, CABRAL, CABRAL          CABRAL, CABRAL, CABRAL

Jorge Willian

Rio 04 de agosto de 2013

02h e 36m.
        

LIVROS, JANELAS E PORTAS

Não. Não fecho os livros que abro
muito menos encerro portas e janelas
abro livros novos
mantendo aberto todos os que li
certa vez, colei as folhas
para que retornos não houvessem
despercebido, nas folhas fui colado
minto: grudei as folhas em meus dedos
livros lidos falam em mim
também bati portas e janelas
tamanha força retornaram a abrir
portas que passo
carrego comigo
janelas que pulo
pulam comigo
livros, janelas e portas
uma vez abertos
sempre escancarados

Rio, 2 de Agosto de 2013 (11h e 16m)