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sexta-feira, 24 de julho de 2015

DA CONTRADIÇÃO

O PENSAMENTO DIALÉTICO NÃO TRATA APENAS DA POSSIBILIDADE DA CONTRADIÇÃO NO SENTIDO DO DISCURSO. (ALGO CONTRADIZ O QUE FOI DITO ANTES). HÁ TAMBÉM O SENTIDO DA CONTRAPOSIÇÃO.

Algo se contrapõe a outro. E internamente algo está constituído de contradição/contraposição. O capitalismo encontra sua contradição no socialismo, mas antes mesmo já contradizia o mundo social anterior. E o capitalismo em si é constituído de contradições . sendo formado por grupos sociais diferentes possui em seu interior a contradição/contraposição desses grupos. Ver a contradição apenas como algo conceitual só é possível para quem observa a realidade como algo sem contraposição, sem contradição. E isto não impede há quem afirma que a realidade é contraditória de produzir um discurso coerente. Pelo contrário, pode mesmo dizer que a incoerência está em quem a partir de um real cheio de contradições construir uma "realidade" discursiva que não represente esta contradição. Neste sentido não cabe mesmo o relativismo. Dizer que o ser é e não-é ao mesmo tempo não pressupõe cair no relativismo. O que se exige é a percepção da transformação daquilo que é visto positivamente como dado e que , neste sentido, é uma dado em transformação. Realmente este pensamento é muitas vezes negado, pois nem sempre a realidade da transformação é percebida e/ou assumida pelo pensamento  por isso mesmo, há quem negue esta realidade, a de que tudo está em transformação e que tudo deixa de ser (merece morrer, se completar). Não se trata apenas, portanto, de uma contradição conceitual entre o que se diz e o que se nega sobre o ser no discurso. É uma contradição do próprio ser em si e com aquilo com o qual se relaciona.


domingo, 5 de julho de 2015

HÁ QUEM ME QUEIRA POESIA

"mas quero que este canto torto/feito faca/
corne a carne de vocês"*

Há quem me queira poesia
doce, suave, intocável.
Mas somos todos
todos, inclusive os intocáveis,
somos todos poesias.
Como o canto torto
como faca nordestina
também corto carnes
firo corações
rasgo falas
furo paredes
decepo sutilezas
despedaço suavidades
penetro doces.
Há quem me queira poesia
outra poesia, não a que sou
Há quem não me queira poesia.


Rio, 5 de julho de 2015 (1h e 14m)

*A palo Seco, Belchior